A
presidência de coalizão era, continua sendo e será ainda por muito a única
alternativa política no Brasil para o exercício do poder executivo. Trata-se de um arranjo maquiavélico,
de fato, possuindo o mesmo efeito bumerangue pontificado por
Maquiavel sobre as tropas compostas por mercenários: um dia elas se
voltam contra o contratante. Afinal de contas, às vezes a
intermediação deixa de ser necessária ou conveniente e os
mercenários resolvem tomar a liderança daquele a quem mantinham no poder. A força física é dos mercenários e não do comandante.
Não havia qualquer outro caminho político para o PT governar senão aderir ao modelo existente. Isso
continuará assim pelo tempo que demorarmos a providenciar uma reforma
política consistente, que consiga de algum modo evitar a eleição
de um presidente sem base de apoio do próprio partido ou da chapa
que o elegeu.
A ideia de redução do número de partidos não é boa. Qualquer ação no sentido de impedir a criação de novos partidos se constitui em traição à liberdade e à democracia. Aos novos partidos e aos partidos pequenos cabe apenas, quando muito, a limitação ao acesso a certos direitos, como
financiamento público e presença nas telecomunicações, que devem
ser proporcionais à representação política alcançada junto aos
eleitores.