segunda-feira, 23 de março de 2015

O capitalismo e os mortos de fome II

Críticos do socialismo costumam afirmar, como uma das mais fortes razões para o repúdio, que o socialismo real, aquele materializado principalmente nas experiências soviética e chinesa, normalmente é fundado em governos aristocráticos e no culto à personalidade, acabando por redundar num totalitarismo sanguinário, que mata milhões de pessoas para a manutenção do poder.
Não há dúvida quanto ao horror soviético. Stalin, sozinho, chacinou nove milhões de cidadãos russos. Tampouco cabe negar o maléfico comunismo chinês, com Mao Tsé Tung sendo responsável pela morte de setenta milhões de pessoas. De fato, ambos os regimes foram totalitaristas, marcado por cidadãos instados ao dever da vigilância recíproca e patrulhamento ideológico de uns em relação aos outros, causadora de intensa paranoia social, porém com o efeito de manter todos no direcionamento pretendido pelos camaradas governantes. Nessa situação, o sentido de pertencimento à comunidade se esvai,

quinta-feira, 19 de março de 2015

Os trezentos picaretas de Lula se tornaram os quatrocentos achacadores de Cid Gomes


Em 1993, Lula disse que existiam 300 picaretas no Congresso Nacional.
De lá para cá, alguma coisa mudou: hoje são 400 achacadores.
Isso é o que falou Cid Gomes, na condição de Ministro da Educação, em discurso para o plenário da Câmara dos Deputados, reafirmando, em tom enérgico, a declaração que fizera no sentido de que certos políticos são achacadores e buscam fragilizar o governo para assim obter vantagens, o famoso “criar dificuldades para vender facilidades”. Eduardo Cunha, presidente da Câmara, reagiu e desligou o microfone do ministro.
Tenho dúvidas sobre se, em algum momento da história do Congresso Nacional, algum ministro de Estado tenha ido, nessa condição, ao plenário da Câmara dos Deputados para desancá-lo.
É um retrato desse momento que vivenciamos, um período de muito nervosismo na sociedade brasileira no aspecto da discussão política. Os ânimos estão exaltados. Grande parte da população defende o governo, uma outra parte, de igual importância e relevo, odeia o PT e o resultado disso é que estão se tornando comuns os embates enraivecidos entre críticos e defensores.

segunda-feira, 16 de março de 2015

É hora de Gilmar Mendes devolver o processo


Passadas as marchas pró e contra o governo, é hora de nós, brasileiros e brasileiras, nos juntarmos para, sem coloração partidária, sem ressentimentos e sem rivalidades mesquinhas, promovermos ações políticas coletivas que estejam acima de qualquer suspeita de ambos os lados.
Tanto nas passeatas do dia 13, como nas do dia 15, era imenso o número de pessoas portando cartazes e faixas contra a corrupção. Trata-se, pois, de uma agenda política de todos os brasileiros. Que tal representantes de ambos os lados da disputa política, como, por exemplo, Lobão e Stédile ou FHC e Lula, demonstrarem que não se limitam à retórica emocional dos palanques? Que estão dispostos a abraçar uma causa objetiva e concreta que possui amplas possibilidades de produzir algum efeito positivo em nossa política?
A partir dessa repugnância à corrupção demonstrada por todos e dadas as informações que são reveladas a partir da Operação Lava-Jato, a primeira dessas ações concretas que merece ser abraçada parece ser o financiamento privado das campanhas políticas.

domingo, 15 de março de 2015

O ordinário se presume


Uma pessoa me acusa de ser paranoico e inventor de teorias da conspiração, por conta da advertência que fiz da possibilidade de uso, por parte da oposição ao governo, da tática de bandeira falsa, ou seja, colocação de pessoas travestidas de petistas para provocar desordem nas passeatas de hoje, 15/03.
De fato, pode existir paranoia do meu lado, se esse for um novo nome para cautela (se informem sobre os sequestradores do empresário Abílio Diniz e as camisas do PT que usavam). Afinal, já diz o ditado de sabedoria popular que gato escaldado tem medo de água fria.
Há, contudo, mais, muito mais, ingenuidade do outro lado, pessoas para quem recomendo que busquem informações na rede sobre como atuam, na geopolítica mundial, os chamados "assassinos econômicos".

sexta-feira, 13 de março de 2015

Sucesso nas manifestações pró-governo. Agora é esperar o dia 15.

As manifestações de hoje (13/03), a favor da Petrobras, pela reforma política e contra o desvario do impeachment foram bem sucedidas. Nas 22 capitais em que foram realizadas, foi considerável o afluxo de manifestantes. Milhares de cidadãos atenderam ao chamado da CUT.

Um mar vermelho tomou conta das capitais. Vermelho da CUT, mas também do PT. Incontáveis cartazes defendiam a Presidente Dilma. Outros tantos exigiam uma reforma política decente.

Nem a chuva pesada desanimou os manifestantes. A Avenida Paulista foi totalmente tomada pelos manifestantes, molhados da cabeça aos pés. Pela energia que demonstraram, se a avenida fosse alagada eles provavelmente teriam continuado a se manifestar, a nado.

A grande imprensa, sem condições de simplesmente ignorar o fato, dada sua proporção, prodigalizou nas tentativas de reduzir o tamanho do evento. Imagens gravadas no período da manhã, quando as pessoas ainda estavam chegando, foram apresentadas como se fosse do momento, mais tarde, o que dava a falsa impressão de que a quantidade de manifestantes não era relevante. Em outros locais, os cinegrafistas davam preferência a focalizar pontos onde as pessoas estava mais esparsas, algumas vezes as escondendo atrás de uma árvore ou de um prédio.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Afinal, "coxinha" é um palavrão?




Não há dúvida de que, em qualquer setor do conhecimento e da práxis humana, a polifonia sempre será saudável. Isso se aplica também, principalmente e não poderia ser diferente, à política, pois a existência de visões múltiplas sobre a melhor maneira de organizar a sociedade permite que a escolha recaia sobre aquela que se revele mais adequada.
Como diz o velho e sábio ditado, várias cabeças pensam melhor do que uma.
Esse processo, claro, envolve a discordância dos defensores do projeto perdedor. Tal oposição é normal e aceitável na democracia, desde que não extrapole o âmbito da razão e não ser arvore na pretensão de derrubar, por vias oblíquas, o que democraticamente foi decidido. A racionalidade é o caminho, sempre.

segunda-feira, 9 de março de 2015

A encruzilhada do futuro




O futuro nasce a partir do presente entendido como o ápice do passado, vale dizer, o arcabouço do futuro repousa sobre os alicerces do presente, construídos que foram no passado. A utilização das ferramentas históricas herdadas pelo presente constituem a causa necessária do futuro que se projeta como ideia, pois possibilitam iniciar a obra que, em potência, representa o futuro que concretamente poderá vir a ser experimentado pela civilização.
Enfim, para simplificar esse raciocínio que já está ficando tortuoso, não é possível pensar num futuro a partir do nada. Do nada, nada vem, a não ser no caso único e excepcional da criação divina. Fora essa possibilidade teológica, o futuro sempre emergirá de suas bases históricas, ainda que sob a forma de contradição.