quarta-feira, 30 de julho de 2014

Questões políticas

Um dileto amigo pede as minhas considerações políticas sobre oito assuntos. Como sou prolixo, o texto ficou um pouco longo, mas resolvi compartilhar essa chatice com vocês. Afinal, é na hora da dor que se revela o verdadeiro amigo. A partir de agora abro parênteses, omitindo, é claro, o nome do amigo:
"Amigo, você me conhece, não fujo de um debate político. Pena que nem todos estejam, como você, abertos a uma discussão política. No mais das vezes, não aceitam a opinião ou a crítica alheia, como se crítica fosse outra coisa que não a exposição de uma opinião caracterizada por ser contrária a uma outra. Tomam a coisa como pessoal e, cheios de pruridos ególatras, devem imaginar a própria opinião como imune a defeitos na formação do pensamento.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

A obra humana, valor e urgência




É importante que todas as pessoas com forte autocrítica ou que se sintam incompreendidas em suas ideias e que, por isso, não se deem o devido valor, mitigando o próprio talento ou se sentindo infelizes com as críticas alheias, saibam que algumas personalidades de valor histórico inquestionável não foram compreendidas em vida, somente tendo o devido valor reconhecido postumamente.
E a razão disso é que estavam à frente de seu tempo.
Seus contemporâneos não dispunham da habilidade necessária para compreensão de sua obra, de seu pensamento. Faltava-lhes a condição visionária.
Van Gogh, cujas telas hoje possuem valor inestimável, somente vendeu uma delas quando vivo. Suicidou-se pobre e tomando-se por um fracassado.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Humano e desejante




Gosto de ser humano porque aprecio ser um ser desejante e consciente. Gosto de ter ciência de que sou um ser desejante e isso a consciência me dá.
O Deus judaico-cristão é consciente, mas nada deseja porque é perfeito. A perfeição anda longe da necessidade. A ataraxia da satisfação plena assusta-me porque não entendo uma razão de viver sem objetivos e, ainda por cima, consciente da eternidade dessa desnecessidade.
Deus!, como deve ser monótono ser Deus.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Inteligência e altruísmo social


Vez ou outra assisto a programas que apresentam exemplos de pobres que, por esforço pessoal, conseguiram superar a pobreza. Invariavelmente dão a entender que qualquer pessoa esforçada conseguirá vencer na vida e que, por outro lado, quem continua na pobreza é porque é desidioso e preguiçoso.
Isso não corresponde à realidade. Nem sempre é possível vencer, por conta própria, a barreira do descaso. Alguns conseguem, outros não. A culpa não é do fracassado.
Não cabe utilizar o exemplo de superação de alguns como justificativa para o abandono dos demais.

Inteligência e ordem


Inteligência e ordem são praticamente conceitos antagônicos.
Ordem pressupõe monotonia e tédio, manutenção do que já é, na forma como é.
Inteligência implica sempre inquietação e irresignação, modificação do estabelecido, avanço e progresso.
O primeiro ser humano insatisfeito com a rotina nos legou a inteligência.
Podem existir sociedades complexas e absolutamente organizadas desprovidas de inteligência, porém jamais existirá inteligência que não desafie o conservadorismo.

Nesse sentido, a expressão positivista contida em nossa bandeira, "Ordem e Progresso", é quase uma contradição em termos.

sábado, 12 de julho de 2014

Emoção e instinto



O ser humano é pura emoção e instinto, decide sempre com o coração.
A valorizada racionalidade, ou não existe, ou é coisa diferente do que dizem.
Duas emoções comandam todas as ações humanas e uma prepondera sobre a outra. Esta é o desejo, aquela o medo.
O medo é mais decisivo, pois, quando é muito, o desejo cede e, se é débil, o desejo impera.
Toda ação depende, assim, da extensão do medo e da intensidade do desejo.
Se o medo é a corda que prende, o desejo é a força que liberta.
Se a razão é, como se pensa, o cuidado com os efeitos, seu verdadeiro nome é medo.
O ser humano racional, portanto, é aquele que poda seus desejos por medo das consequências.

Se emoção é instinto e governa, onde reina a razão?

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Bolsa-família e Copa do Mundo: má-fé e ignorância.




Mal o árbitro apitou o fim do jogo em que a seleção brasileira foi destroçada pela seleção alemã, já se iniciaram as vinculações descabidas entre futebol e política.
Numa dessas críticas, os alemães são elogiados e o governo brasileiro é atacado por, supostamente, manter os brasileiros pobres sem ânimo para o trabalho, dando-lhes o peixe ao invés de ensiná-los a pescar.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Gastos públicos com a Copa do Mundo

Nem tudo é o que parece ser.
A questão, antes da eleição do Brasil como sede da Copa, era: fazer ou não fazer a Copa? Ou, porque fazer uma Copa no Brasil? O que se ganha, o que se perde?
Para as pessoas que não são muito ligadas em futebol, a Copa certamente poderia ser sediada pela Tailândia que não faria diferença alguma. Aqui ou em qualquer outro lugar do mundo, sempre se pode ver a Copa pela televisão.
Porém, naquele que é considerado o "país do futebol" a resposta parecia simples alguns anos atrás: claro que sim.
É válida a afirmação dos críticos da realização da Copa no sentido de que o país possuía outras prioridades mais prementes. Todavia, outra coisa, muito diferente, é afirmar que a Copa trará prejuízo para o país ou que sua realização exigirá retirar investimentos da área social.

Indivíduo x cidadão




O indivíduo é a pessoa em si mesma. O cidadão é o indivíduo comprometido com a sociedade formada por indivíduos pobres e ricos.
Indivíduos podem viver em conjunto sem que isso signifique uma sociedade. Cidadãos sempre vivem em sociedade.
Em algum momento da história da humanidade deixamos a cidadania de lado. Melhoramos de vida e esquecemos dos pobres. Por quê?

Consumismo? Egoísmo? Desespero? Medo? Tudo isso junto?

Pensamento complexo, pensamento ingênuo


O ser humano é capaz de elaborar dois tipos de pensamento: o pensamento ingênuo e o pensamento complexo.
A complexidade do pensamento afasta a ingenuidade e está ciente da própria complexidade.

O ingênuo não alcança vislumbrar sequer a própria ingenuidade, caso contrário não seria ingênuo.

A manchete como caminho, verdade e luz


É preciso pôr fim ao pensamento rasteiro de parcela considerável da população brasileira que sustenta que tudo no Brasil é pior do que em outros lugares do mundo. É preciso extirpar do sentimento pátrio esse complexo de vira-lata capaz de distorcer a visão ao ponto extremo da autodepreciação, do autoenquadramento como cidadãos de terceira classe do mundo. Muitas coisas no Brasil são piores, outras porém são melhores.
O Brasil é um país continental, imenso , e inegavelmente possui muitos problemas, alguns de difícil solução. Todavia, são problemas que também afetam, em maior ou menor grau, os países mais desenvolvidos do planeta.
Por exemplo, o sistema brasileiro de saúde pública não é excelente, talvez não possa sequer ser considerado bom, mas existe. Nos Estados Unidos o sistema de saúde pública é praticamente inexistente, ou seja, o pobre não assistido por plano de saúde está virtualmente morto se precisar de assistência médica.