terça-feira, 24 de setembro de 2013

O refluxo do mensalão - parte II

Cláudio Lembo é jurista e professor universitário, tendo ocupado o cargo de vice-governador do estado de São Paulo no período 2003/2006, ao lado do governador Geraldo Alckmin, do PSDB. Nada possui, portanto, de petista.
Segundo opinião manifestada em seu artigo "Mensalão e democracia", cujo link é disponibilizado ao final do texto, Claudio Lembo afirma que, no processo do chamado "mensalão", foram alterados entendimentos jurisprudenciais remansosos, consolidados, de longa maturação. Como exemplo, afirma que não houve preocupação de preservar a imagem de nenhum denunciado, tendo o STF agido como nos antigos juízos medievais, que expunham os acusados à execração pública.
O posicionamento de Lembo está corretíssimo. É preciso lembrar que o ordenamento jurídico nacional afirma peremptoriamente que todos os indiciados e acusados são inocentes até o trânsito em julgado da decisão condenatória. Essa preocupação do legislador não é sem razão, encontrando justificativa na possibilidade de que, ao final do processo, seja demonstrada a inocência do acusado, hipótese na qual o estrago à sua imagem social e à própria auto-imagem será irreversível, com danos de ordem moral irreparáveis.
Numa sociedade de teor civilizatório mais elevado do que a nossa, deveria ser vedada a divulgação de nome e fotografia dos acusados em geral, ao menos até o trânsito em julgado da condenação, tanto como meio de evitar o julgamento social precipitado, como para impedir o dano íntimo antes mencionado.
Cláudio Lembro ainda sustenta, em exposição diplomática para suavizar a acusação, que nem sempre a mídia agiu com imparcialidade no acompanhamento do julgamento do mensalão, tendo verificado que alguns veículos se aproveitaram do episódio para extravasar suas idiossincrasias e agressividade.
Lembo pontifica que teria sido oportuno e salutar para a democracia uma demonstração de maior equilíbrio da mídia na divulgação da informação, aduzindo que equilíbrio e imparcialidade são essenciais para o desenvolvimento de uma boa prática política.
O jurista elogia a atuação do Ministro Ricardo Lewandowski, que segundo ele se portou com destemor, sabendo suportar posições de confronto com altivez e respeito ao Direito. Lembo ressalta que, terminada a missão de revisor, começaram a surgir as primeiras manifestações favoráveis à atuação de Lewandowski, até então bastante criticado.
Eis o link para a entrevista: Mensalãoe democracia, por Cláudio Lembo

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