terça-feira, 19 de junho de 2012

Praias desertas

Ando por praias desertas, na fronteira do mar que avança
Com suas ondas abertas percorrendo a fina areia branca.
O vento, mantenho nas costas, como espécie de alavanca,
E sigo o caminho à frente, largando sinais na areia ardente

No afã de vê-las seguidas, as pegadas que vou deixando,
Por pessoa tão querida que a mim deseje acompanhando,
Vou deixando atrás dos passos, marcas do meu caminhar.
Sempre que viro para trás, porém, olho e não há ninguém.

Embora acalme o coração, a visão de paz que traz o mar,
Das ondas me vem aflição, de um incessante gargalhar,
Nesse infindável vai e vem, penso em mim como um navio
Em cujo casco bate, impiedosa, a força plena de um mar bravio.

Por que ri o mar de minha triste solidão? Por que te ris assim, ó mar bravio?
Tu que és tão grande, não te vens dessa grandeza um pingo só de compaixão?
Ó, imenso lar de todo peixe, estrada para toda e qualquer embarcação,
Não percebes em minh'alma o desalento, o mesmo frio sentido no teu vento?

Sê magnânimo, dê-me um aceno, um gesto de carinho, leve carícia.
Ajudai-me com a força dessa sua imensidão a alçar o sonho que acalento
De ser capaz de doar um amor tão puro, como jamais se tem notícia,
E assim largar o peso da incompletude para encontrar a paz, a plenitude.

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