segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Hobsbawm e a questão do crescimento econômico

Assim pontificou o saudoso historiador Eric John Ernest Hobsbawm: "Hoje o problema real que se coloca, o maior deles, é que o poder do progresso material e tecnocientífico, baseado em crescente e acelerado crescimento econômico, num sistema capitalista sem controle, gera uma crise global de meio ambiente que coloca a humanidade em risco."
Hobsbawn vai direto na ferida.
Há um véu, uma cegueira, que impede economistas respeitados de se posicionarem a favor de um gradual decrescimento da economia, acompanhado de um severo decrescimento da população.
É inadmissível que muitos deles defendam a globalização, entendida como abertura irrestrita dos territórios soberanos ao capital sem pátria, quando se sabe que a ênfase num mercado regional e menos concentrado é mais apropriado para a humanidade e para o meio-ambiente, pois capaz de criar mais emprego, menos carestia, menos deslocamento, menos gasto energético, menos poluição.
Tampouco se entende a vontade insana, geral entre os países, de ser alçado ao posto duvidoso de "maior economia do mundo". De que forma isso é capaz de resolver os principais problemas que afligem a população?
De forma alguma se pode entender que progresso e desenvolvimento humano tenha mais relação com avanço tecnológico e da ciência do que com a disseminação da educação, da saúde e do emprego.
Hobsbawm acerta o ponto nevrálgico da questão. Aponta para o trágico destino reservado à humanidade conduzida por essa cegueira econômica voluntária.
É um grande equívoco ingenuamente imaginar, como alguns creem, que exista ainda espaço para o crescimento, seja da população, seja da economia. Não existe, mesmo em regiões consideradas relativamente vazias, como África, Ásia ou América do Sul.
Já somos mais de seis bilhões de pessoas. O espaço para a humanidade, nesse planeta, acabou. Rompemos a barreira da responsabilidade ético-ambiental e ocupamos praticamente todos os ecossistemas do planeta, sem qualquer sentido de respeito pelas demais espécies que habitam o planeta.
É tempo de começar a pensar em desocupar espaços, em devolvê-los aos demais ocupantes dessa bolinha azul pairando no éter. Aos animais, aos vegetais.
Espaços como margens de rios, de mares. Espaços semi-selvagens e que ainda sejam passíveis de recuperação, como o entorno de florestas, como o pantanal.
É hora de assumirmos a condição que, embora tenha dado causa a uma piada, de fato é a razão da consciência: somos fiscais da natureza. Únicas testemunhas conscientes da criação.
Se a consciência não existe para nos trazer responsabilidade pelo mundo, para que seria?
Essa é nossa razão de ser. Nossa responsabilidade. Nossa missão.

Cumpramos nosso destino.

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