terça-feira, 19 de outubro de 2010

De cronistas e fatos cotidianos


Existem cronistas que possuem o dom, ao contar um acontecimento banal, de fazer isso de uma maneira tão tocante que emociona mesmo os leitores mais "durões".
O bom cronista pega um acontecimento diário qualquer, corriqueiro, como uma ida ao supermercado, por exemplo, e o narra de uma tal forma doce, com tanta ternura e prenhe de encantamento, que, para o leitor, a história parece ser única, exclusiva, um momento que jamais se repetirá. Muitas vezes, porém, não é nada disso, tratando-se simplesmente de uma narrativa de fatos rotineiros, do tipo que acontecem com todos nós, quase todos os dias.
Embora acredite que todas as pessoas possuem valor pelo simples fato de serem pessoas, creio ser inegável que algumas pessoas são agraciadas com certos dons que não são comuns. Cantar, tocar um instrumento, escrever, atuar, pintar, esculpir, todas essas coisas estão ao alcance de qualquer pessoa. Poucas, entretanto, as concretizarão e mesmo dentre aquelas que farão, apenas uma fração se destacará.
A nós, os demais meros mortais não agraciados por um desses dons, nos cabe a legítima admiração (por favor, jamais inveja) por essas pessoas notáveis que tornam nossas vidas mais prazerosas.
Eu, por mim, não somente as admiro como também gosto de ver nas demais pessoas essa capacidade de saber apreciar, com desprendimento, as coisas bem feitas.
Conseguir admirar sem desdém, apreciar genuinamente as coisas belas, é, para mim, indicativo da presença de um grande espírito.
Adaptação de postagem original em 20/04/2007

Nenhum comentário :

Postar um comentário